domingo, 13 de octubre de 2013

Flores raras - Impressões repartidas em frases

"A arte de perder não é nenhum mistério. Depois perca mais rápido, com mais critério: Lugares, nomes, a escala subsequente da viagem não feita. Nada disso é sério (...)." (Elisabeth Bishop).

Flores raras é um filme tocante que aborda diferentes temáticas de forma singela. O filme começa com poemas falando sobre perda... Perda, talvez um dos maiores medos do homem.

Elizabeth Bishop no filme fala da ‘cura geográfica’, dessa necessidade de viajarmos, de conhecermos realidades diferentes, de termos impressões que variam e mudam dependendo de quem olha e do conhecimento de vida de cada pessoa.

Para Bishop o Rio de Janeiro é uma mistura de Cidade do México e Miami. Esse olhar estrangeiro muitas vezes pode levar a subestimar o conhecimento do diferente, como o faz a poeta americana com o Lacerda e a Lota, ela pensa que eles não saberiam os poemas dela e acaba ficando envergonhada e constrangida por isto.

Este trabalho cinematográfico como muitos outros traz à tona momentos sobre a ditadura, uma época difícil no Brasil e na América Latina toda, embora menos drástica no Brasil, tanto que, muitos latinoamericanos encontravam no país um lugar para o asilo político, mesmo assim, esta época ficou marcante no inconsciente coletivo da população brasileira.

Relações entre pessoas, mesmo no amor, podem vir acompanhadas de egoísmo, sentimento humano, que não é diferente nos relacionamentos da Lota. Nesta passagem fílmica, além do egoísmo, podemos ver outro aspecto não menos importante, o relacionamento entre pessoas de culturas (países) diferentes e, como isto difere de um relacionamento entre pessoas de uma mesma cultura, ideologia, religião etc.

A Lota em seu intuito de agradar o seu mais novo amor constrói um cantinho para Bishop, um lugar que acredita será inspirador e, assim é, vemos no filme como esse belo lugar inspira a moça americana; vemos como se dá a sua produção criativa.

O instinto materno também aparece no filme, com a Mary, a primeira amante da Lota, e sua necessidade de ser mãe, que é suprida com a adoção da criança de uma mãe que ‘vende’ a sua filha por uns quantos tostões. O instinto materno é inerente às mulheres, embora algumas neguem essa teoria, mas a maioria delas vê na maternidade uma realização, talvez a maior, inclusive aquelas que se sentem atraídas por outras.

O filme, trabalho do diretor Bruno Barreto, é realmente bom e está bem feito, soube contar a traves deste cuidadoso trabalho a história destas duas mulheres, a poeta americana Elizabeth Bishop e a arquiteta Lota Macedo de Soares. O trabalho da Miranda Otto e da Tracy Middendorf é muito bom, mas não posso negar que a Gloria Pires mais uma vez arrasou na atuação.


Víctor Gonzales

Flores Raras 


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