domingo, 13 de octubre de 2013

O Germinal e o Naturalismo de Émile Zola

O Germinal é um filme homonino do livro do mesmo nome, do Émile Zola. O filme retrata a realidade nas minas de carvão na França do século XIX.

O jovem Étienne Lantier chega à mina de carvão em busca de emprego, já que em Paris não acha trabalho e precisa ajudar a mãe dele; um dos obreiros morre e então ele é procurado para cobrir a mais nova vaga na mina. Ele aceita, mesmo sabendo que pouco ou nada servirá o seu salário para ajudar a mãe.

Na mina ele descobre um diferente novo mundo e, é lá onde conhece a moça Catherine Maheu pela qual se sentirá atraído, embora seus mundos tomem rumos diferentes.

O dinheiro é pouco e a fome é muita, é o extremo de tempos duros onde alguns querem tirar proveito, como o dono de uma venda que nega mercadorias fiadas para uma mãe, mas diz poder mudar de ideia se ela entregar a jovem filha para ele. Chantagens sexuais acontecem em troca de moedas ou comida.

No bar que o Lantier costuma frequentar há um jovem anarquista que pensa que a melhor forma de mudar essa realidade é ‘reconstruindo’, acabando com o Capitalismo, derramando sangue, começando de zero; já, o jovem Lantier inicia a organização de uma greve em prol de melhoras para todos os obreiros da mina.

A greve se inicia e com ela, disputas e confrontos. O dono da mina não abre mão e não atende aos pedidos dos trabalhadores e enfrenta o problema laboral, mas este não é o único problema que ele deverá enfrentar, outros problemas vêm acontecendo mesmo sem ele saber, dentro de casa dele, a traição da mulher com o seu jovem sobrinho que está prestes a casar.

As lutas acontecem e um dos representantes da greve morre. Por outro lado, o anarquista tenta vingança, o que acaba dando fim à mina. Neste acontecimento o jovem Lantier e sua amada ficam soterrados, de onde só um deles sairá vivo.

No final, a greve acaba e mesmo que eles não tenham conseguido revindicar todos os seus direitos este momento passa a ser muito importante para as futuras mudanças que acontecerão na França.


Émile Zola, com esta obra prima soube denunciar as podridões da França daquela época, documenta em detalhes e mostra o que a sociedade esconde mesmo sendo tudo fruto dela mesma. Seu espírito Naturalista é engajado e procura denunciar e achar possíveis saídas a todos esses problemas sociais usando o Determinismo como suporte para seu estudo.


Claude Berri, diretor do filme, soube com cuidado e expertise traduzir a obra de Émile para as telas do cinema. Este filme, de 1993, ganhou vários prêmios. Vale a pena assistir!


Víctor Gonzales






Germinal (Filme completo em Espanhol)


Flores raras - Impressões repartidas em frases

"A arte de perder não é nenhum mistério. Depois perca mais rápido, com mais critério: Lugares, nomes, a escala subsequente da viagem não feita. Nada disso é sério (...)." (Elisabeth Bishop).

Flores raras é um filme tocante que aborda diferentes temáticas de forma singela. O filme começa com poemas falando sobre perda... Perda, talvez um dos maiores medos do homem.

Elizabeth Bishop no filme fala da ‘cura geográfica’, dessa necessidade de viajarmos, de conhecermos realidades diferentes, de termos impressões que variam e mudam dependendo de quem olha e do conhecimento de vida de cada pessoa.

Para Bishop o Rio de Janeiro é uma mistura de Cidade do México e Miami. Esse olhar estrangeiro muitas vezes pode levar a subestimar o conhecimento do diferente, como o faz a poeta americana com o Lacerda e a Lota, ela pensa que eles não saberiam os poemas dela e acaba ficando envergonhada e constrangida por isto.

Este trabalho cinematográfico como muitos outros traz à tona momentos sobre a ditadura, uma época difícil no Brasil e na América Latina toda, embora menos drástica no Brasil, tanto que, muitos latinoamericanos encontravam no país um lugar para o asilo político, mesmo assim, esta época ficou marcante no inconsciente coletivo da população brasileira.

Relações entre pessoas, mesmo no amor, podem vir acompanhadas de egoísmo, sentimento humano, que não é diferente nos relacionamentos da Lota. Nesta passagem fílmica, além do egoísmo, podemos ver outro aspecto não menos importante, o relacionamento entre pessoas de culturas (países) diferentes e, como isto difere de um relacionamento entre pessoas de uma mesma cultura, ideologia, religião etc.

A Lota em seu intuito de agradar o seu mais novo amor constrói um cantinho para Bishop, um lugar que acredita será inspirador e, assim é, vemos no filme como esse belo lugar inspira a moça americana; vemos como se dá a sua produção criativa.

O instinto materno também aparece no filme, com a Mary, a primeira amante da Lota, e sua necessidade de ser mãe, que é suprida com a adoção da criança de uma mãe que ‘vende’ a sua filha por uns quantos tostões. O instinto materno é inerente às mulheres, embora algumas neguem essa teoria, mas a maioria delas vê na maternidade uma realização, talvez a maior, inclusive aquelas que se sentem atraídas por outras.

O filme, trabalho do diretor Bruno Barreto, é realmente bom e está bem feito, soube contar a traves deste cuidadoso trabalho a história destas duas mulheres, a poeta americana Elizabeth Bishop e a arquiteta Lota Macedo de Soares. O trabalho da Miranda Otto e da Tracy Middendorf é muito bom, mas não posso negar que a Gloria Pires mais uma vez arrasou na atuação.


Víctor Gonzales

Flores Raras